sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Obama sanciona lei para prender sem acusação ou processo legal


Obama sanciona lei para prender sem acusação ou processo legal
“O princípio da inviolabilidade de direitos individuais deixa de existir. A tirania toma seu lugar. Assim, com essa nova lei, ninguém que questione o poder central estará seguro”, alerta Stephen Lendman
“O presidente Obama será para sempre lembrado como o presi-dente que assinou a lei permitindo a prisão por tempo indefinido, sem acusação ou julgamento”, afirmou o diretor executivo da União Americana pelos Direitos Civis (ACLU – sigla em inglês), Anthony Romero, ao comentar a sanção presidencial à Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA, sigla em inglês) que permite detenção indefinida em qualquer parte do globo. Obama, que havia dito ter “sérias reservas” à nova lei mas assim que a mesma foi aprovada no Congresso, as jogou para o ar e sancionou-a.
“Esta legislação é particularmente perigosa por que não é submetida a limites geográficos ou temporais, e podem ser usadas pelo presidente atual e pelos futuros para fazer prisioneiros por toda parte”, acrescentou Romero.
Ele afirmou que a ACLU irá lutar contra “esse poder mundial de detenção onde estivermos e como pudermos, seja nos tribunais, no Congresso ou em atos internacionais”.
A ACLU também divulgou nota destacando que “qualquer detenção militar de cidadãos americanos ou não - sem acusação ou julgamento - é inconstitucional e levará os americanos a viver sob o regime do medo”.
Além disso, a lei contém elementos que dificultam a transferência dos detidos em prisões militares para custódia civil e restringe transferências ou repatriações de detidos em situação similar à dos presos em Guantánamo, o que tornará ainda mais difícil fechá-la. A lei já havia sido aprovada no Senado por 93 a 7.
Antes dessa lei, no governo Bush, já fora autorizada a derrogação de direitos constitucionais dos cidadãos norte-americanos contra arbitrariedades, uma delas (que permitia a agências de espionagem do governo violar correspondência ou inquirir em bibliotecas públicas sobre livros lidos por cidadãos do país) denominada de Ato Patriótico; a outra é a Autorização para Uso de Força Militar. Elas foram usadas para prender pessoas das mais diversas nacionalidades, sem julgamento, na Base de Guantánamo, além de prisões secretas em outros países.
Mas a Corte Suprema julgou, em 12 de junho de 2008, que “o governo não tem autoridade legal para negar aos presos o processo devido nas cortes civis”.
Diante dessa e de outras decisões jurídicas e para estabelecer o regime ditatorial pleno, o Congresso acaba de aprovar uma lei ampliando a supressão dos direitos legais dos cidadãos norte-americanos e como alerta o articulista Stephen Lendman que, com essa lei, “o princípio da inviolabilidade de direitos individuais deixa de existir. A tirania toma seu lugar. Como resultado dessa nova lei, ninguém que questione o poder central está seguro”.
A diretora do Escritório da União Americana pelas Liberdades Civis - ACLU - em Washington, Laura W. Murphy, destacou que uma lei como essa só foi aprovada pelo Congresso durante a “caça às bruxas”, período de perseguições conhecido como Macartismo. Mas a lei era tão draconiana que foi vetada pelo presidente Truman.
A lei rasga a Constituição dos Estados Unidos pois anula a denominada 5ª Emenda que determina que “ninguém pode ser detido para responder por um crime capital ou infame, a menos que seja apresentada denúncia ou acusação a um júri” [ ... ] e “ninguém deve ser privado da vida, liberdade, ou propriedade sem o devido processo legal”.