Multidão com 250 mil em Paris e outros 500 mil trabalhadores nas praças
de 300 cidades deixaram claro neste 1º de Maio, como em toda a UE, que a
política do arrocho está com seus dias contados
A comemoração do 1º de Maio na
França se transformou em um grande repúdio a Nicolas Sarkozy e ao
arrocho que tem implementado no país, com 250 mil pessoas em Paris
atendendo a convocação da Confederação Geral do Trabalho (CGT) e de
outras centrais sindicais. Mais meio milhão foram às ruas em 300 cidades
da França. Por toda a Europa, no Dia Internacional do Trabalho, os
trabalhadores tomaram as praças para repelir a “austeridade”, o
desemprego e os cortes nas aposentadorias e programas sociais.
SEGUNDO TURNO
A cinco dias do segundo turno
das eleições presidenciais na França, e com o candidato socialista
François Hollande mantendo a vantagem
na disputa, trabalhadores, aposentados, desempregados e estudantes
ergueram suas bandeiras para dizer “não” a Sarkozy. O secretário-geral
da CGT, Bernard Thibault, conclamou a população a “derrotar o
presidente”.
Em seu comunicado, a CGT
assinalou que “em numerosos países da Europa, como na Alemanha, Espanha,
Grécia, Reino Unido e Itália, os assalariados
estão mobilizados para reagir às políticas de
austeridades reforçadas pelo pacto Sarkozy-Merkel”.
“O descontentamento traduzido
nas urnas já no primeiro turno das eleições presidenciais se expressa
nas ruas, contra as políticas anti-sociais e a desigualdade da
repartição das riquezas”, afirmou a CGT. “As centenas de milhares de
manifestantes não permitirão que a direita, nem a extrema-direita, saiam
com força desta jornada internacional de lutas, depois de mais de um
século de história do movimento operário, de resistências e de
conquistas sociais”.
As centrais denunciaram ainda
as tentativas de Sarkozy de dividir os trabalhadores e de insuflar a
população contra os imigrantes. Este, por sua vez, montou um comício na
Praça Trocadero, onde tentou atrair os votos da Frente Nacional por meio
de um discurso racista e contra os sindicatos. Marine Le Pen, porém,
anunciou que irá votar em branco.
No único debate na televisão
entre os dois candidatos, no dia seguinte ao 1º de Maio, Hollande se
saiu, segundo avaliação do jornal “Le Monde”, “na posição de favorito”.
Perdedor no primeiro turno e em desvantagem nas pesquisas, Sarkozy
precisa ganhar nitidamente de Hollande no debate mas isso não ocorreu.
Foi um debate tenso e com troca de acusações e ofensas, como “mentiroso”
e “pequeno caluniador”, da parte de Sarkozy, e ainda “presidente
fracassado”, de Hollande.
“FRACASSADO”
Em sua intervenção, Hollande
acusou Sarkozy de ter cumprido um mandato no qual favoreceu os ricos e
empobreceu boa parte dos franceses. Defendeu um pacto de crescimento
para a Europa e prometeu unir os franceses a quem, afirmou, Sarkozy
dividiu com sua política. Também se opôs ao racismo do presidente contra
imigrantes. Quando Sarkozy buscou dizer que o socialista iria repetir o
desastre de Zapatero na Espanha, Hollande lembrou o fracasso de
Berlusconi na Itália. Hollande afirmou, também, que o presidente “nada
obteve da Alemanha”, isto é, que era servil a Ângela Merkel.
ANTONIO PIMENTA