terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Bancos dos EUA lavam dinheiro do narcotráfico


O Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou que os bancos JP Morgan, HSBC, Wells Fargo e Bank of America estão envolvidos em um esquema de “lavagem” massiva de dinheiro junto a cartéis do narcotráfico que atuam no México e EUA. A investigação oficial foi apresentada na Corte Federal de Nova York, onde o Departamento de Justiça denunciou o envolvimento dos bancos com os cartéis do Zetas e de Sinaloa.
  Entre as principais denúncias, está a comprovação de que em 2008 o banco inglês HSBC “lavou” US$1,1 bilhão do cartel de Sinaloa, dinheiro que foi remetido posteriormente aos EUA. Segundo o documento, “em 2007, e-mails de empregados do HSBC  descreveram um esquema massivo de lavagem de dinheiro executado por empregados e executivos da diversas sucursais do banco no estado de Sinaloa”. A operação de lavagem de dinheiro envolvendo o HSBC, equivale a 32% do recebimento efetivo de dólares por suas filiais no México.
   Por sua vez, o JP Morgan, principal banco dos EUA, está envolvido em um dos casos de lavagem de dinheiro do narcotráfico mais conhecidos. Segundo o Departamento de Justiça, o banco lavou US$600 mil do cartel dos Zetas através de uma conta no banco, que foram transferidos de Nuevo Laredo, no México, para os EUA.
   O Bank of América e o Wells Fargo, segundo e quarto bancos em importância nos EUA, também estão envolvidos em lavagem de dinheiro do narcotráfico envolvendo dinheiro remetido aos EUA para empresas fantasmas através de contas falsas em suas filiais no México.
  Segundo o Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Delito (UNODC), o narcotráfico move cerca de US$ 300 bilhões por ano.
Para Antonio Maria Costa, ex-diretor executivo da UNODC, a cifra coloca o narcotráfico em destaque no mundo, e acrescenta que “a crise financeira reduziu a liquidez, e a sede por dinheiro fresco se tornou uma oportunidade de ouro” para as máfias do sistema financeiro. O especialista afirma que a grande massa desse tipo de fundos se movimenta nos EUA e Europa. Para a entidade, após as intervenções dos EUA na Colômbia com o “Plano Colômbia”, e com a guerra criminosa contra o Afeganistão, a produção de cocaína e ópio, respectivamente, tiveram aumento significativo.

EUA: Império massacra povos e colhe mais chacinas internas


Morticínios cometidos pelos EUA há décadas para roubar riquezas das nações são glamourizados por Hollywood e pela mídia. Efeito colateral: se o governo pode chacinar fora, desinibe-se a barbárie em casa
O país que tornou os massacres em terra alheia sua política oficial nos últimos cinqüenta anos, os EUA, se viu na sexta-feira (14) diante do terceiro massacre internamente só este ano, e 32º desde 1999, o de Newtown, pequena cidade de Connecticut, onde um atirador invadiu uma escola e assassinou a tiros de rifle 20 crianças – com idades entre 6 e 7 anos – e seis professores. Na chacina do cinema Aurora em julho, haviam sido 12 mortos e mais de 50 feridos, e dezesseis dias depois, no templo Sikh em Milwaukee, mais seis mortos e três feridos.
Os funerais das pequenas vítimas já começaram, e o próprio Obama se dirigiu a Newtown para uma vigília, onde declarou que “não podemos tolerar algo como isto nunca mais. Estas tragédias devem terminar”. Quando da matança no cine Aurora, ele, o comandante-em-chefe dos assassinatos em massa com drones no Paquistão e Afeganistão, havia dito que “nós nunca poderemos compreender o que leva alguém a aterrorizar os demais seres humanos assim”. A tragédia da escola elementar Sandy Hooks corresponde a mais do dobro do número de mortos de Columbine, celebrizado no filme denúncia de Michael Moore.
Os EUA têm cometido recorrentes massacres mundo afora – Coreia, Vietnã, Iugoslávia, Iraque, Afeganistão, Paquistão, Iêmen e Líbia -, além de patrocinar via mercenários morticínios em outras partes, como agora na Síria. Esses massacres são legitimados internamente, glamourizados por Hollywood e pelas redes de TV, justificados ad infinitum, e os povos que são vítimas são demonizados e contra eles vale tudo, a barbárie. Mas não é possível sair chacinando no mundo inteiro sem que isso ricocheteie internamente.
Em Newtown, mais de 100 tiros foram disparados, e havia crianças com 11 perfurações de bala. O atirador, depois identificado como Adam Lanza, de 20 anos, chegou à escola antes de 9h30, com três armas, forçou a entrada a tiros, matou o diretor e uma psicóloga, e invadiu duas salas de aulas, onde disparou contra as crianças indefesas. Depois se suicidou com um tiro de pistola, assim que a polícia chegou. Antes, havia matado em casa a própria mãe, Nancy, dona das armas e integrante de um clube de treino de tiro. Dois funcionários da escola sobreviveram aos ferimentos. O irmão de Adam, Rick Lanza, chegou a ser erroneamente apontado como o matador. A imprensa dos EUA alegou que Adam teria problemas mentais ou que seria autista.
A questão é porque tanta gente anda surtando nos EUA exatamente desse jeito, a ponto de poder se falar praticamente numa “doença americana”, não em outros países. A resposta é que a degradação moral do império se soma à decadência vivida internamente e ao reacionarismo em vigor, para criar o caldo de cultura. A própria história do país se funda no massacre dos índios. Também a violência é amplificada 24 horas por dia pelos meios de comunicação, com a ideologia de que é preciso exterminar o “inimigo”, contra o qual eclode a revanche sangrenta e desmedida, assim que a frustração se torna insuportável. Os joguinhos eletrônicos – em que o jogador é impelido a matar a rodo – também fazem a sua parte.
INSANIDADE
Insanidade que se torna mortal à medida que nos EUA proliferam as armas, milhões de armas, e é facílimo comprar uma arma automática, como um rifle AR-15 usado nas invasões de países estrangeiros, e pentes de munição com 100 tiros, até pelo correio. Em Newtown, Lanza usou um rifle Bushmaster, que a Walmart acaba de tirar de seu catálogo de vendas. No ano passado, foram efetuadas nos EUA 16 milhões de checagens para aquisição de armas – o que não se traduz automaticamente em vendas, mas dá a dimensão da coisa. E nos “gun shows” qualquer um pode comprar uma arma, sem sequer se identificar, sem checagem de dados, o que segundo o prefeito de Nova York Michael Bloomberg, corresponde a 40% de todas as armas vendidas. Em 2004, o banimento das armas automáticas, que estava em vigor, foi revogado, situação que se mantém até hoje. Mas o problema, como diz Michael Moore, não são armas, e sim quem as usa. No Canadá, vizinho aos EUA, há muitas armas e as pessoas dormem com a porta aberta.
Quatro dias após a matança em Newtown, Obama, de volta às suas lides, participou da célebre reunião das terças-feiras em que define quem será morto no próximo raid com drones. Para ele, seus massacres nada têm a ver com os dos “mass killers”. Em março, numa aldeia em Kandahar, no Afeganistão, nove crianças e três mulheres foram mortas e tiveram seus corpos queimados por um soldado dos EUA. Para essas vítimas, não haverá bandeira norte-americana a meio-mastro.
ANTONIO PIMENTA