terça-feira, 10 de setembro de 2013

Obama quer atacar sírios porque contras estão perdendo a guerra


 Obama quer atacar sírios porque contras estão perdendo a guerra
Alegação sobre gás sarin é pretexto: resolução que será votada no Senado escancara que “objetivo é reverter a dinâmica no campo de batalha”, isto é, socorrer os seus mercenários
 Depois de alegar como pretexto para bombardear a Síria suposto “uso
de armas químicas pelo governo Assad”, sem quaisquer provas
e recusando as investigações dos inspetores da ONU em Ghouta, o
carniceiro Obama obteve da comissão de Relações Exteriores do
Senado dos EUA uma resolução que abre o jogo e define que o objetivo
 do ataque é “reverter a dinâmica no campo de batalha”, isto é, socorrer
 seus contras, que vinham sendo inapelavelmente batidos pelo exército
sírio.
A resolução, que ainda terá de ser aprovada no Congresso dos EUA, dá
até 90 dias para Obama descarregar mísseis e bombas para salvar
seus mercenários. Aqueles comedores de carne humana, degoladores,
 incendiários de igrejas, adeptos da submissão da mulher, fanáticos e
vagabundos que a CIA despejou na Síria, com a conta paga pela
Arábia Saudita e Qatar.
O bombardeio visará, segundo o próprio Obama, “enfraquecer
as capacidades [militares] de Assad”, aliado a uma “estratégia mais
 ampla que nos permitirá aumentar as capacidades militares da
oposição”. Tomado de súbita franqueza, o chanceler francês, Laurent
Fabius, confessou que o ataque é necessário “para equilibrar a
situação” na Síria.
Com isso, o “Nobel da Paz” Obama se prepara para iniciar sua segunda
 guerra, além das que herdou de W. Bush, e das matanças de rotina
 com drones. Com a alegação de que as provas que não mostra
são “irrefutáveis”, Obama repete a fraude de W. Bush de uma forma
ainda mais cínica, pois já se conhece, vide o Iraque, como a CIA fabrica
 o que quer que seja que a Casa Branca encomende, que depois é
 repercutido pela mídia oil-belicista e capachos.
Também não chega a ser propriamente uma novidade operações com
bandeira trocada,como o incêndio do Reichtag, ou a “invasão da
 Alemanha” por nazistas fantasiados de soldados poloneses em 1939
 que serviu para Hitler iniciar a ocupação da Polônia, ou fabricações
 como o incidente do Golfo de Tonkin, que Johnson usou para atacar o
Vietnã. Foi assim que os inspetores da ONU, que haviam ido à Síria a
 pedido do governo Assad, para investigar denúncias de que os
contras usaram gás sarin em Khan Al Assal, de repente se viram
 diante do “maior ataque químico no mundo em
 duas décadas” a poucos quilômetros de seu hotel.
Não existe até aqui nenhuma prova – fatos, não “rumores” e
“ilações” – que demonstrem que o exército sírio usou armas
químicas. Mas há pelo menos três episódios que relacionam os
contras com o uso armas químicas. O governo russo entregou ao
Conselho de Segurança da ONU investigação de seus especialistas
determinando que em Khan Al Assal (em março) os contras usaram
uma modalidade não industrial, artesanal, de gás sarin, disparado por
 meio de foguete improvisado.
Também Carla Del Ponte, da Comissão de Investigação da ONU para
a Síria, atestou em maio que “foram os rebeldes” que usaram armas
químicas na Síria, “e não o governo”, o que a deixou “estarrecida”. E o
governo turco no ano passado abafou o caso dos integrantes da
Frente Al Nusra que foram detidos perto da fronteira com arma
química. Há ainda relato da CNN, de dezembro de 2012,
revelando que os EUA estavam usando “contratados” para treinar os
no manejo – que eles chamam de “controle” – de armas químicas.
Como o presidente Putin ressaltou, é contra toda a lógica que o exército
 de Assad, que estava obtendo vitória atrás de vitória contra os
 mercenários por meios de guerra convencionais, fosse usar armas
químicas que eram exatamente o pretexto que os EUA
vinham anunciando como mote para a intervenção.

Além disso, os EUA não têm a mínima moral para falar sobre armas
químicas, pois usaram napalm e agente laranja no Vietnã; bombas de
 fósforo e urânio depletado – que causou um séquito de bebês com
defeitos congênitos e câncer a rodo - no Iraque, além de antrax
 (arma biológica) contra a Coreia. Aliás, o chefe da “diplomacia” do
 único país que usou bombas nucleares contra outro povo, Kerry, falar
 que alguém cruzou a “linha vermelha da Humanidade” é o cúmulo da
falta de limites.
AMOSTRAS
O presidente Putin lembrou que as amostras colhidas pelos inspetores
da ONU foram entregues à Organização para a Proibição de Armas
 Químicas em Haia, que é o órgão internacional com competência e
 idoneidade para fazer a análise e que precisa de pelo menos três
 semanas para apresentar suas conclusões – mas os EUA não podem
 esperar. Se até um exame de antidoping precisa ser feito dentro de
 normas rigorosas, imagine-se uma prova de que depende uma
questão de guerra ou paz.
Não está determinado que substância foi usada em Ghouta, nem de
quem partiu. Conforme questionou Putin, “se for estabelecido que são
os rebeldes que empregam meios de extermínio em massa, o que os
EUA farão com os rebeldes? O que farão estes patrocinadores
com os rebeldes? Deixarão de lhes fornecer armas? Começarão
operaçõesde combate contra eles?
Deixando claro que não é movido por considerações humanitárias, mas
 pela ânsia de dominação e subjugação das nações soberanas,
Obama disse que a decisão de bombardear era uma “mensagem
firme” para o “Irã, Coreia do Norte, Hezbollah” - e quem mais não se
dobrar diante dos interesses carcomidos de Wall Street. Ou, como disse
Kerry, “vários outros países cujas políticas desafiam as normas
 interna-cionais”, isto é, os ditames de Washington. “Eles estão
observando. Querem ver se os Estados Unidos e nossos amigos
levam a sério o que dizem”.
Quanto a isso, o presidente russo considerou um “disparate” o
 Congresso dos EUA pretender “autorizar um ataque contra a Síria”.
“Nenhum Congresso do mundo pode autorizar tal coisa, já que isso
 seria autorizar uma agressão, pois tudo que não sai do Conselho de
Segurança da ONU é uma agressão, com exceção da própria defesa”,
afirmou Putin. “A Síria, como todo o mundo árabe, não está
atacando os Estados Unidos, por isso não se pode falar em
defesa própria”. Ele acrescentou que o fato dos parlamentares
 norte-americanos quererem dar a última palavra sobre o uso da força
contra a Síria contradiz “o bom senso e noção de direito internacional”.
Como o Tribunal de Nuremberg estabeleceu, a guerra de agressão é o
 “crime supremo”.
                                      ANTONIO PIMENTA