Enviado por luisnassif, qui, 03/02/2011 - 12:00
Por Paulo F.
Nassif pode ser que parte de suas dúvidas estejam respondidas nesta notícia na FSP de hoje.
Afinal de contas a indústria farmacêutica, com ajuda des seus
"colaboradores" necessita vender seus produtos, para o "bem da
Humanidade"...
Médicos ligados à indústria ditam regras de conduta
Notícia disponibilizada no Portal www.cmconsultoria.com.br às 08:55 hs.
Notícia disponibilizada no Portal www.cmconsultoria.com.br às 08:55 hs.
03/02/2011 - No país, profissionais em conflito de interesse assinam
diretrizes para tratamentos. Conselho Federal de Medicina reconhece a
situação "conflituosa", mas diz que não há qualquer restrição legal.
CLÁUDIA COLLUCCI - DE SÃO PAULO
Médicos brasileiros responsáveis por elaborar
diretrizes clínicas possuem conflitos de interesse com os laboratórios
farmacêuticos. Diretrizes são orientações que padronizam a conduta para
determinada doença. Feitos por entidades profissionais, esses documentos
definem, por exemplo, qual a taxa de colesterol ou o nível de pressão
arterial aceitáveis e quais as classes de remédios que devem ser usadas
no tratamento dos pacientes.
A Folha pesquisou 11 diretrizes de algumas doenças -hipertensão,
obesidade, hepatites B e C, diabetes, artrite reumatoide,
tromboembolismo venoso, disfunção erétil, artrose e climatério. Dos 111
profissionais que fizeram o documento sobre hipertensão, 63 (56,7%)
declararam que, nos últimos três anos, fizeram estudos, receberam ajuda,
deram palestras ou escreveram textos científicos patrocinados por
laboratórios. Dois deles têm também ações da indústria.
A situação se repete na diretriz sobre climatério e doenças
cardiovasculares. Dos 33 médicos que a assinam, 16 (48,5%) são
patrocinados pela indústria. Dois têm ações de laboratórios. Na diretriz
de disfunção erétil, todos os cinco médicos têm conflitos de interesse.
A questão é polêmica, embora não seja ilegal. Nos EUA, há um
movimento médico crescente que considera inaceitável esse tipo de
conflito. Apontam que, ao terem ligação com a indústria, os médicos
podem favorecê-la prescrevendo mais remédios, minimizando os riscos das
drogas ou distorcendo dados sobre a eficácia delas.
O CFM reconhece a situação "conflituosa", mas diz que não há hoje
nenhuma restrição que médicos ligados a indústria participem de
consensos. "Não tínhamos pensado nisso, mas é preciso rever essa
situação. É difícil adotar diretrizes com pessoas comprometidas com a
indústria. Pode perder a credibilidade", afirma Roberto D"Ávila,
presidente do CFM.
O médico Wanderley Marques Bernardo, coordenador do "Projeto
Diretrizes", da AMB (Associação Médica Brasileira), afirma que a
diretriz segue uma metodologia rígida e que é baseada em fortes
evidências científicas. Segundo ele, há um grupo isento que faz uma
revisão final. "Se houver ainda algum problema ou interesse, seja ele
deliberado ou não, a gente corrige", diz ele.
O cardiologista Jadelson de Andrade, coordenador das diretrizes da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), argumenta que médicos de ponta geralmente são chamados pela indústria para participar de estudos e dar consultorias ou palestras.
O cardiologista Jadelson de Andrade, coordenador das diretrizes da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), argumenta que médicos de ponta geralmente são chamados pela indústria para participar de estudos e dar consultorias ou palestras.
Para ele, o ideal seria que o governo destinasse uma verba para a
produção de diretrizes clínicas formuladas por pessoas isentas de
conflitos.
Para Inez Gadelha, coordenadora do departamento de atenção especializada do Ministério da Saúde, "o ideal não existe". "É muito difícil não ter conflito. Uma coisa eventual, um jantar, uma viagem, não compromete. A questão é o grande conflito."
Para Inez Gadelha, coordenadora do departamento de atenção especializada do Ministério da Saúde, "o ideal não existe". "É muito difícil não ter conflito. Uma coisa eventual, um jantar, uma viagem, não compromete. A questão é o grande conflito."
"Profissionais patrocinados podem distorcer informações sobre drogas"
Divulgação
Adriane Fugh-Berman, da Universidade de Georgetown
DE SÃO PAULO
Médicos que recebem recursos da indústria farmacêutica ou de
equipamentos podem exagerar na prevalência ou na importância de doenças,
minimizar os riscos e distorcer dados sobre a eficácia das drogas. É a
opinião da médica Adriane Fugh-Berman, professora da Georgetown
University Medical Center, em Washington, considerada uma das maiores
autoridades mundiais em conflitos éticos entre médicos e a indústria
farmacêutica. Em um dos últimos artigos que publicou, em setembro do ano
passado, ela mostrou que uma farmacêutica multinacional plantou
sistematicamente artigos favoráveis a seus medicamentos em periódicos
científicos. Adriane dirige o "PharmedOut", um programa de educação e
pesquisa sobre a influência da indústria na prescrição médica. A seguir
trechos da entrevista à Folha. (CC)
Folha - É aceitável que médicos responsáveis por diretrizes clínicas
tenham conflitos de interesse com a indústria, ainda que declarados?
Adriane Fugh-Berman - Isso não deveria acontecer. Diretrizes clínicas
devem depender da ciência, e as análises em casos em que a ciência não é
clara devem ser feitas por pessoas imparciais, não por aquelas que têm
conflitos de interesse.
Qual é o principal problema desses conflitos?
Ele garante que as metas do marketing das empresas farmacêuticas sejam cumpridas. Os médicos pagos pela indústria representam o interesse da indústria, estejam eles conscientes disso ou não. Podem exagerar na prevalência ou na importância das doenças, expandir classificações de doenças, minimizar os problemas de segurança e não dar importância a terapias não-farmacológicas, como dieta e exercícios.
Ele garante que as metas do marketing das empresas farmacêuticas sejam cumpridas. Os médicos pagos pela indústria representam o interesse da indústria, estejam eles conscientes disso ou não. Podem exagerar na prevalência ou na importância das doenças, expandir classificações de doenças, minimizar os problemas de segurança e não dar importância a terapias não-farmacológicas, como dieta e exercícios.
Qual é o impacto para o paciente?
Diretrizes são poderosos determinantes para os médicos. Elas deveriam ser elaboradas pelos defensores da saúde pública, não por médicos pagos pela indústria.
Diretrizes são poderosos determinantes para os médicos. Elas deveriam ser elaboradas pelos defensores da saúde pública, não por médicos pagos pela indústria.
É possível elaborar diretrizes com 100% de isenção?
Sim! Os médicos pagos pela indústria farmacêutica são transportados para um mundo de oportunidades que distorcem o discurso da medicina. Há muitos médicos acadêmicos que não têm relações com a indústria.
Sim! Os médicos pagos pela indústria farmacêutica são transportados para um mundo de oportunidades que distorcem o discurso da medicina. Há muitos médicos acadêmicos que não têm relações com a indústria.