quarta-feira, 6 de junho de 2012

Imperialismo financia guerra de milícias no Congo para roubar suas riquezas minerais

Rica em metais preciosos como ouro e diamante, além de outros minérios cobiçados pelas multinacionais estrangeiras, a República Democrática do Congo, governada por José Kabila, recentemente reeleito para a Presidência da República, vive um difícil processo de paz. Milicianos e ONGs financiados pelos EUA e multinacionais atuam no país provocando revoltas e motins para desestabilizar o governo, dividir a população e impedir o desenvolvimento econômico e social no coração da África


A República Democrática do Congo foi vítima nessa segunda- feira, 4 de junho, de motins e provocações realizadas no leste do país por milícias de origem ruandense.
"Os militares de Ruanda são responsáveis por armar os milicianos comandados por Bosco Ntaganda, que organizou a sublevação e é procurado pela Corte Penal Internacional por cometer crimes de guerra no Congo", afirmou o representante de uma organização de direitos humanos. "Os militares de Ruanda permitiram que Ntaganda entrasse no país, providenciaram uma grande quantidade de fuzis de assalto, granadas, metralhadoras antiaéreas e ainda forneceram mais de 200 recrutados, civis forçados a se engajar incluindo crianças de menos de 18 anos", disse em seu relato a organização de direitos humanos, e completou: "Testemunhas contaram que alguns recrutas foram sumariamente executados sob as ordens dos homens de Ntaganda ao tentarem escapar".
Dois outros criminosos da Guerra do Congo procurados pela polícia vivem livremente em Ruanda : Laurent Nkunda - seus soldados torturaram e executaram milhares de pessoas em Ksangani em 2002 – e Jules Mutebutsi que cometeu esses mesmos crimes em Bukavu em junho de 2004.
Na semana passada um relatório da MONUSCO – Missão da ONU no Congo - afirmou que Ruanda recrutou e formou dissidentes do exército do Congo que não aceitaram o acordo de paz firmado em 2009, para reforçar a revolta de ex-rebeldes no Congo. O relatório foi apresentado depois que a população do Kivu do Sul foi atacada por forças ruandenses em 14 de maio. A população revoltada acusou a MONUSCO de nada ter feito para impedir o massacre de e proteger os civis. Soldados da ONU foram agredidos pela população, revoltada com a paralisia da MONUSCO.
A República Democrática do Congo governada por José Kabila, recentemente reeleito para a Presidência da República, vive um difícil processo de paz, frequentemente perturbado por incursões de milicianos de Ruanda e Uganda. Essas revoltas e motins têm sido controladas pelo Exército congolês e tem acontecido no Kivu do Norte e do Sul. Elas desestabilizam o país e prejudicam o desenvolvimento econômico e social. Muitas ONGs financiadas pelos EUA, braços da CIA, intervêm nos conflitos no Congo buscando dividir a população e colocá-la contra o governo. Essas ONGs atuam no interior do país e nos centros urbanos, como em Kinshasa, capital do Congo, maior país africano, situado no coração da África, rico em metais preciosos como ouro e diamante além de outros minérios cobiçados pelas multinacionais estrangeiras, principalmente norte-amercianas, que sempre atuaram e financiaram grupos contra o governo de Kabila e visam minar o acordo de paz.



ROSANITA CAMPOS
 
“Para a Casa Branca, a balcanização do Congo é um projeto e um programa”
 
BOSWA ISEKOMBE*
Nós não ignoramos o pecado que a República Democrática do Congo cometeu contra o imperialismo internacional, o de ser um país possuidor de enormes recursos materiais, que despertam a luxúria de toda a máfia das grandes multinacionais e seus governos.
É bom lembrar: George Bush recebeu o presidente congolês e disse – "não se esqueça que o Congo é um país de todos nós, não pertence somente aos congoleses."
O [então] subsecretário de Estado dos negócios estrangeiros, senhor Moose, declarou às autoridades congolesas: "A terra prometida não é a Palestina, mas o Congo, esse país deve ser dirigido a partir do exterior".
Um conselheiro de Clinton recebeu o Professor Samba Kaputo, então chefe de gabinete do Ministro Yerodia, das Relações Exteriores do Congo. O conselheiro americano declarou: "O Congo é grande demais, vocês não têm capacidade de dirigi-lo sozinhos, será necessário partilhar esse gigante para que ele seja bem administrado." Atrás de sua mesa, um mapa do Congo dividido em vários pedaços. É o plano da balcanização.
Recentemente, Robert Gates, antigo ministro da defesa e antigo diretor da CIA, declarou: "Levar uma guerra econômica contra Kinshasa para reforçar a miséria e a pobreza da população congolesa, assim a taxa de nacionalismo e de patriotismo baixará. O argumento dos interahamwes [milícia da etnia hutu de Ruanda, responsabilizada pela matança de 1994 naquele país] deve sempre estar no centro de todos os encontros internacionais e regionais. As mídias foram contatadas para jogar esse papel. É necessário preparar a presença dos interahamwes, os genocidas sobre o território congolês. Os interahamwes são um álibi de tamanho tal que permitirá a Ruanda bloquear o encaminhamento do Congo à paz e relançar a guerra. Infiltrar os agentes nos diferentes serviços do Estado congolês, eles virão em cooperação técnica, missionários, evangelizadores, responsáveis por organizações humanitárias. Os partidos políticos ferozmente opositores ao Presidente Kabila serão sustentados financeiramente para manter sua imagem. Quando todas as verdades de Kabila forem bem conhecidas, seu fim será fácil".
Assim, duas estratégias contra o Congo são postas pela Casa Branca:
1 - a balcanização, via agressão, desestabilização e pressão máxima sobre as autoridades congolesas.
2 - a estratégia de infiltração no aparelho de Estado congolês, colocando o Estado sob tutela direta.
Para a balcanização, duas marionetes do imperialismo americano. A saber: Museveni, de Uganda, e Kagame, de Ruanda, são encarregados de executar esse plano diabólico. Razão pela qual a República Democrática do Congo viveu uma guerra de agressão e de ocupação de cinco anos e um genocídio de cinco milhões de congoleses.
No plano político, esse plano caiu, e vai continuar caindo, porque o povo congolês jamais o aceitou nem o aceitará jamais. Para a Casa Branca, a balcanização é um projeto e um programa. Hoje, a balcanização econômica é operada via mercado livre sob o controle dos EUA na região, onde Uganda e Ruanda seriam o corredor e o centro. Washington, ao armar o regime da frente "patriótica" ruandense na guerra, que fez com que o resultado fosse o genocídio de 1994, viam já o outro lado do lago Kivu da República Democrática do Congo. Viam o europium, o gás metano, o nióbio, a tantalita, o ouro e o diamante. Esquecer essa realidade é renegar a existência do próprio Congo como nação congolesa.
Em seu combate pela sobrevivência, independência econômica e política da República Democrática do Congo, nosso povo se vê confrontado com a antiga classe mobutista, que continua a jogar um papel importante na vida política.
Na batalha eleitoral de 2011, diante do programa político dos comunistas e da esquerda nacionalista em torno do presidente Kabila, que tentava ordenar a situação catastrófica, os mobutistas jogavam dinheiro às massas e tramavam continuamente toda sorte de intrigas e estratégias de subversão.
Nós travamos o combate pelo direito ao trabalho, à alimentação, à saúde, à escola das crianças, à habitação para todos. Nós nos opusemos aos sabotadores do processo democrático. Mais concretamente, nos engajamos por dois objetivos centrais:
1º - A introdução de um texto de lei dando reconhecimento à organizações de bairros e de municípios como parceiros institucionais, atores e beneficiários dos projetos elaborados e gerenciados por eles mesmos.
2º - Uma lei para criação de um fundo de financiamento dos projetos dos bairros. Após as eleições, nós continuaremos a fazer campanhas sobe essas questões e continuaremos o trabalho de construção do Partido.
Nós devemos estar unidos contra a proliferação de armas químicas, contra a política de arrocho na Europa, contra a ocupação do Chipre do norte pelos turcos, contra o bloqueio imposto a Cuba, contra a recolonização da África, contra a ingerência do imperialismo, contra as bases militares dos EUA pelo mundo à fora, contra a Françáfrica, contra o Africom, contra a fome, a pobreza e o desemprego.
Nós devemos também estar unidos pela independência da Palestina e do Sahara Ocidental, pela liberdade dos 5 cubanos, por erradicar a fome introduzindo meios suficientes no domínio da agricultura e da educação.
Ah! Sob o reino de Sarkozy, o imperialismo francês bombardeou a residência do presidente eleito da Costa do Marfim e o transferiu à justiça internacional. Sarkozy destruiu a Líbia, a OTAN e seus marionetes assassinaram Kadafi. Ora, sob seu regime cada cidadão líbio tinha uma casa, cuidados de saúde gratuitos, educação gratuita, mas, grande foi a nossa surpresa ao constatar com amargura que certos partidos de esquerda europeus apoiaram o imperialismo contra a independência de nosso continente.
Examinemos com exatidão as coisas e tenhamos a coragem de condenar toda opressão e ingerência. Kadafi era mais ditador que Bush ou Sarkozy? Por que Kadafi foi assassinado enquanto os dois outros ainda vivos circulam livremente? Nós condenamos o assassinato de Kadafi.
Nós não esqueceremos a passagem heroica de Che e dos guerrilheiros cubanos no maquis de Fizi Baraka porque a árvore plantada no leste está na base da revolução de 17 de maio e do regime de Kabila, hoje no poder. A passagem dos camaradas cubanos pela África, contribuiu com a independência real de Angola e da Namíbia. Como agradecimento ao povo cubano, nosso partido convida aos participantes deste seminário a assinar uma petição pela liberdade dos 5 heróis cubanos, prisioneiros políticos nos EUA.
Viva a solidariedade internacional!
Pátria ou morte! Venceremos!

* Secretário Geral do Partido Comunista Congolês. Discurso proferido em Bruxelas a 19 de maio de 2012, durante o Seminário Internacional promovido pelo Partido do Trabalho da Bélgica.
 
 
É a mesma tatica de sempre: " dividir pra governar" ou surrupiar;
assim fizeram na Líbia e assim fazem na Síria...
e a mídia serviçal faz a cabeça dos néscios mundo afora.