Rica em metais preciosos como ouro e diamante, além
de outros minérios cobiçados pelas multinacionais estrangeiras, a República
Democrática do Congo, governada por José Kabila, recentemente reeleito para
a Presidência da República, vive um difícil processo de paz. Milicianos e
ONGs financiados pelos EUA e multinacionais atuam no país provocando
revoltas e motins para desestabilizar o governo, dividir a população e
impedir o desenvolvimento econômico e social no coração da África
A República Democrática do Congo foi vítima nessa
segunda- feira, 4 de junho, de motins e provocações realizadas no leste do
país por milícias de origem ruandense.
"Os militares de Ruanda são responsáveis por armar os
milicianos comandados por Bosco Ntaganda, que organizou a sublevação e é
procurado pela Corte Penal Internacional por cometer crimes de guerra no
Congo", afirmou o representante de uma organização de direitos humanos. "Os
militares de Ruanda permitiram que Ntaganda entrasse no país, providenciaram
uma grande quantidade de fuzis de assalto, granadas, metralhadoras
antiaéreas e ainda forneceram mais de 200 recrutados, civis forçados a se
engajar incluindo crianças de menos de 18 anos", disse em seu relato a
organização de direitos humanos, e completou: "Testemunhas contaram que
alguns recrutas foram sumariamente executados sob as ordens dos homens de
Ntaganda ao tentarem escapar".
Dois outros criminosos da Guerra do Congo procurados pela
polícia vivem livremente em Ruanda : Laurent Nkunda - seus soldados
torturaram e executaram milhares de pessoas em Ksangani em 2002 – e Jules
Mutebutsi que cometeu esses mesmos crimes em Bukavu em junho de 2004.
Na semana passada um relatório da MONUSCO – Missão da ONU
no Congo - afirmou que Ruanda recrutou e formou dissidentes do exército do
Congo que não aceitaram o acordo de paz firmado em 2009, para reforçar a
revolta de ex-rebeldes no Congo. O relatório foi apresentado depois que a
população do Kivu do Sul foi atacada por forças ruandenses em 14 de maio. A
população revoltada acusou a MONUSCO de nada ter feito para impedir o
massacre de e proteger os civis. Soldados da ONU foram agredidos pela
população, revoltada com a paralisia da MONUSCO.
A República Democrática do Congo governada por José
Kabila, recentemente reeleito para a Presidência da República, vive um
difícil processo de paz, frequentemente perturbado por incursões de
milicianos de Ruanda e Uganda. Essas revoltas e motins têm sido controladas
pelo Exército congolês e tem acontecido no Kivu do Norte e do Sul. Elas
desestabilizam o país e prejudicam o desenvolvimento econômico e social.
Muitas ONGs financiadas pelos EUA, braços da CIA, intervêm nos conflitos no
Congo buscando dividir a população e colocá-la contra o governo. Essas ONGs
atuam no interior do país e nos centros urbanos, como em Kinshasa, capital
do Congo, maior país africano, situado no coração da África, rico em metais
preciosos como ouro e diamante além de outros minérios cobiçados pelas
multinacionais estrangeiras, principalmente norte-amercianas, que sempre
atuaram e financiaram grupos contra o governo de Kabila e visam minar o
acordo de paz.
“Para a Casa Branca, a balcanização do Congo é um projeto e um
programa”
BOSWA ISEKOMBE*
Nós não ignoramos o pecado que a República Democrática do
Congo cometeu contra o imperialismo internacional, o de ser um país possuidor de
enormes recursos materiais, que despertam a luxúria de toda a máfia das grandes
multinacionais e seus governos.
É bom lembrar: George Bush recebeu o presidente congolês e
disse – "não se esqueça que o Congo é um país de todos nós, não pertence somente
aos congoleses."
O [então] subsecretário de Estado dos negócios estrangeiros,
senhor Moose, declarou às autoridades congolesas: "A terra prometida não é a
Palestina, mas o Congo, esse país deve ser dirigido a partir do exterior".
Um conselheiro de Clinton recebeu o Professor Samba Kaputo,
então chefe de gabinete do Ministro Yerodia, das Relações Exteriores do Congo. O
conselheiro americano declarou: "O Congo é grande demais, vocês não têm
capacidade de dirigi-lo sozinhos, será necessário partilhar esse gigante para
que ele seja bem administrado." Atrás de sua mesa, um mapa do Congo dividido em
vários pedaços. É o plano da balcanização.
Recentemente, Robert Gates, antigo ministro da defesa e
antigo diretor da CIA, declarou: "Levar uma guerra econômica contra Kinshasa
para reforçar a miséria e a pobreza da população congolesa, assim a taxa de
nacionalismo e de patriotismo baixará. O argumento dos interahamwes [milícia da
etnia hutu de Ruanda, responsabilizada pela matança de 1994 naquele país] deve
sempre estar no centro de todos os encontros internacionais e regionais. As
mídias foram contatadas para jogar esse papel. É necessário preparar a presença
dos interahamwes, os genocidas sobre o território congolês. Os interahamwes são
um álibi de tamanho tal que permitirá a Ruanda bloquear o encaminhamento do
Congo à paz e relançar a guerra. Infiltrar os agentes nos diferentes serviços do
Estado congolês, eles virão em cooperação técnica, missionários,
evangelizadores, responsáveis por organizações humanitárias. Os partidos
políticos ferozmente opositores ao Presidente Kabila serão sustentados
financeiramente para manter sua imagem. Quando todas as verdades de Kabila forem
bem conhecidas, seu fim será fácil".
Assim, duas estratégias contra o Congo são postas pela Casa
Branca:
1 - a balcanização, via agressão, desestabilização e pressão
máxima sobre as autoridades congolesas.
2 - a estratégia de infiltração no aparelho de Estado
congolês, colocando o Estado sob tutela direta.
Para a balcanização, duas marionetes do imperialismo
americano. A saber: Museveni, de Uganda, e Kagame, de Ruanda, são encarregados
de executar esse plano diabólico. Razão pela qual a República Democrática do
Congo viveu uma guerra de agressão e de ocupação de cinco anos e um genocídio de
cinco milhões de congoleses.
No plano político, esse plano caiu, e vai continuar caindo,
porque o povo congolês jamais o aceitou nem o aceitará jamais. Para a Casa
Branca, a balcanização é um projeto e um programa. Hoje, a balcanização
econômica é operada via mercado livre sob o controle dos EUA na região, onde
Uganda e Ruanda seriam o corredor e o centro. Washington, ao armar o regime da
frente "patriótica" ruandense na guerra, que fez com que o resultado fosse o
genocídio de 1994, viam já o outro lado do lago Kivu da República Democrática do
Congo. Viam o europium, o gás metano, o nióbio, a tantalita, o ouro e o
diamante. Esquecer essa realidade é renegar a existência do próprio Congo como
nação congolesa.
Em seu combate pela sobrevivência, independência econômica e
política da República Democrática do Congo, nosso povo se vê confrontado com a
antiga classe mobutista, que continua a jogar um papel importante na vida
política.
Na batalha eleitoral de 2011, diante do programa político dos
comunistas e da esquerda nacionalista em torno do presidente Kabila, que tentava
ordenar a situação catastrófica, os mobutistas jogavam dinheiro às massas e
tramavam continuamente toda sorte de intrigas e estratégias de subversão.
Nós travamos o combate pelo direito ao trabalho, à
alimentação, à saúde, à escola das crianças, à habitação para todos. Nós nos
opusemos aos sabotadores do processo democrático. Mais concretamente, nos
engajamos por dois objetivos centrais:
1º - A introdução de um texto de lei dando reconhecimento à
organizações de bairros e de municípios como parceiros institucionais, atores e
beneficiários dos projetos elaborados e gerenciados por eles mesmos.
2º - Uma lei para criação de um fundo de financiamento dos
projetos dos bairros. Após as eleições, nós continuaremos a fazer campanhas sobe
essas questões e continuaremos o trabalho de construção do Partido.
Nós devemos estar unidos contra a proliferação de armas
químicas, contra a política de arrocho na Europa, contra a ocupação do Chipre do
norte pelos turcos, contra o bloqueio imposto a Cuba, contra a recolonização da
África, contra a ingerência do imperialismo, contra as bases militares dos EUA
pelo mundo à fora, contra a Françáfrica, contra o Africom, contra a fome, a
pobreza e o desemprego.
Nós devemos também estar unidos pela independência da
Palestina e do Sahara Ocidental, pela liberdade dos 5 cubanos, por erradicar a
fome introduzindo meios suficientes no domínio da agricultura e da educação.
Ah! Sob o reino de Sarkozy, o imperialismo francês bombardeou
a residência do presidente eleito da Costa do Marfim e o transferiu à justiça
internacional. Sarkozy destruiu a Líbia, a OTAN e seus marionetes assassinaram
Kadafi. Ora, sob seu regime cada cidadão líbio tinha uma casa, cuidados de saúde
gratuitos, educação gratuita, mas, grande foi a nossa surpresa ao constatar com
amargura que certos partidos de esquerda europeus apoiaram o imperialismo contra
a independência de nosso continente.
Examinemos com exatidão as coisas e tenhamos a coragem de
condenar toda opressão e ingerência. Kadafi era mais ditador que Bush ou Sarkozy?
Por que Kadafi foi assassinado enquanto os dois outros ainda vivos circulam
livremente? Nós condenamos o assassinato de Kadafi.
Nós não esqueceremos a passagem heroica de Che e dos
guerrilheiros cubanos no maquis de Fizi Baraka porque a árvore plantada no leste
está na base da revolução de 17 de maio e do regime de Kabila, hoje no poder. A
passagem dos camaradas cubanos pela África, contribuiu com a independência real
de Angola e da Namíbia. Como agradecimento ao povo cubano, nosso partido convida
aos participantes deste seminário a assinar uma petição pela liberdade dos 5
heróis cubanos, prisioneiros políticos nos EUA.
Viva a solidariedade internacional!
Pátria ou morte! Venceremos!
* Secretário Geral do Partido Comunista Congolês. Discurso
proferido em Bruxelas a 19 de maio de 2012, durante o Seminário Internacional
promovido pelo Partido do Trabalho da Bélgica.
É a mesma tatica de sempre: " dividir pra governar" ou surrupiar;
assim fizeram na Líbia e assim fazem na Síria...
e a mídia serviçal faz a cabeça dos néscios mundo afora.