Como faz todos
os anos, o país que mais agrediu povos no planeta nos últimos 50 anos e que mais
promoveu golpes e intervenções, os EUA, divulgou seu “informe sobre direitos
humanos no mundo”, no qual esqueceram de notificar seus assassinatos em massa no
Afeganistão com drones, só para citar alguns dos crimes cometidos ali. Só esta
semana foram oito civis, inclusive seis crianças. Também deixaram de lado seus
campos de concentração em Guantánamo e Bagram.
“Estamos
observando”, ameaça o informe do país que em duas décadas desencadeou três
guerras – contra a Iugoslávia, contra o Iraque e contra o Afeganistão -, além de
operações como a agressão à Líbia e assassinato do seu líder, Muamar Kadafi,
dois dias depois de Hillary Clinton chegar a Trípoli e conclamar para que fosse
eliminado. E que durante o governo de W. Bush emitiu um memorando legalizando a
tortura. Só um dos presos de Guantánamo foi afogado – submetido a
“waterboarding” – 183 vezes.
Como de
costume, países que têm alguma independência em relação aos EUA são acusados
sistematicamente de “violar direitos humanos”, como Cuba, sob bloqueio, e a
Venezuela. O informe tenta capitalizar os acontecimentos no mundo árabe, como se
a praça Tahir não tivesse se levantado contra um regime submisso aos
norte-americanos e o candidato preferido de Washington, Amr Moussa, não tivesse
sido deletado nas urnas. Os arautos do imperialismo humanitário também passam ao
largo dos crimes cometidos pelos “amigos dos EUA” – os mercenários pagos e
armados por Washington – contra o povo sírio.
A China
respondeu ao cínico relatório, com breve informe sobre a lamentável situação dos
direitos humanos nos EUA. Lembrou que os EUA são recordistas mundiais em
encarceramento e que 1 em cada 132 cidadãos norte-americanos está preso – 2,3
milhões de prisioneiros em 2009. 140.000 cumprem penas de prisão perpétua. Em
2010, os habitantes dos EUA maiores de 12 anos foram vítimas de 3,8 milhões de
tratos violentos, de 1,4 milhões de tratos violentos graves, 14,8 milhões de
danos à propriedade e 138.000 roubos pessoais. Mais de 30.000 norte-americanos
morrem cada ano por violência com uso de armas e se calcula que outros 200.000
tenham saído feridos por armas. Os norte-americanos possuem entre 35% e 50% das
armas em poder dos civis a nível mundial.
Continuando, o
informe chinês sobre direitos humanos nos EUA assinalou que 13,3 milhões de
pessoas estavam desempregadas segundo os números oficiais e dessas, 5,7 milhões
há mais de seis meses. Cerca de 1000 pessoas foram presas nas duas primeiras
semanas de manifestações do Ocupem Wall Street. Quase oito de dez entrevistados
em pesquisas se expressaram insatisfeitos com a forma como funciona o sistema
político do país e 45% disse que está muito insatisfeito.
E o
relato da
China nem entrou em pormenores sobre outros quesitos das violações aos
direitos
humanos cometidos sob o chamado Ato Patriótico, como grampeamento de
telefones e
e-mails em massa e vigilância sobre que livros alguém empresta da
biblioteca.
A.P.