quinta-feira, 27 de março de 2014

Golpistas, UE e FMI aumentam preço do gás em 50% na Ucrânia

A “receita” do FMI para o país incluirá, ainda, cortes de salários e pensões – já bastante baixos -, redução da assistência à população, mais impostos e privatizações. Para isso Obama financiou o golpe
Antes mesmo de formalmente fechar um acordo com o FMI de achaque do país, já em discussão entre os homens de preto de Madame Lagarde e o banqueiro-primeiro-fantoche “Yats”, a junta de Kiev anunciou que irá aumentar em 50% o preço do gás à população a partir de 1º de maio, e os aumentos deverão prosseguir pelo menos até 2018. Assim, concretiza-se a previsão do “presidente” Turchynov, logo após ser “empossado” pelos nazistas da praça Maidan e pela embaixada dos EUA, de que “este é um governo kamikaze” encarregado de aplicar “reformas” impopulares.
De acordo com o diretor da companhia nacional de Gás Naftogaz, Yuri Kolbuchin, o aumento para a indústria será de 40% e entrará em vigor em 1º de junho. A diretora-gerente do FMI, madame Lagarde, havia afirmado no domingo 20 que o acordo - em que o FMI entra com a corda e a Ucrânia com o pescoço - seria concluído “nos próximos dias”. Ela asseverou, ainda, que o plano é necessário para “estabilizar” a economia da Ucrânia.
No final de novembro do ano passado, o presidente Yanukovich considerou como principal razão para recuar da assinatura do Acordo de Associação com a União Europeia “as condições draconianas do FMI” a que o acerto estava subordinado. Em artigo de opinião no “New York Times”, Ian Bremmermarch, professor da New York University, registrou que a Rússia “propiciou US$ 200- US$ 300 bilhões de subsídio à Ucrânia desde 1991” via descontos no preço do gás fornecido.
Confirmam-se, portanto, as denúncias de que, além de preparar o escancaramento do país à Otan, o golpe da CIA pretende impor uma “saída grega” à crise a que os oligarcas ladrões levaram o país. Yats garantiu que a “ajuda da União Européia” seria recebida “dentro de dois meses” da assinatura com o FMI. Segundo ele, e contrariamente a toda a experiência de gregos, portugueses, irlandeses, espanhóis, italianos e cipriotas, a bondosa União Européia, mais conhecida como “Troika”, ainda iria fornecer gás “US$ 100 mais barato” que a Rússia.
O programa do FMI para a Ucrânia deverá incluir, ainda, o corte de salários e pensões – já extremamente baixos -, redução dos gastos públicos e da assistência à população, aumento de impostos e privatizações. Com bilhões em empréstimos vencendo nas próximas semanas, e tendo rasgado o acordo de Yanukovich com a Rússia que garantia sobrevida financeira à Ucrânia e desconto de 30% no preço do gás, a junta de Kiev age em desespero, e expondo abertamente o que representa, para salvar o golpe.
A “associação” com a União Europeia assinada esta semana pelos golpistas, que mal dão ordens nas ruas do centro de Kiev e que ninguém elegeu, não significa a entrada na UE. Mas, tão somente, a subordinação da Ucrânia aos “padrões europeus” e conseqüente dumping com manufaturados e produtos agrícolas europeus, sem que o “mercado europeu” se abra ou haja direito pleno à emigração.
DEVASTAÇÃO
Em suma, sob a fraqueza econômica e financeira da Ucrânia, o que a “associação” estabelece é a devastação da agricultura ucraniana e da indústria, esta principalmente nas regiões leste e sul, estreitamente ligadas à Rússia e sua economia, pelos cartéis europeus e dos EUA. A “associação” também é do tipo “está conosco ou contra nós”, forçando a exclusão dos laços econômicos – aliás seculares – com a Rússia, que, junto com Bielorússia, Kazaquistão e outros países ex-soviéticos, está organizando a comunidade econômica euroasiática, e cuja participação fora oferecida também à Ucrânia.
Sob a ameaça dos herdeiros de Bandera e da Otan, a Crimeia votou em referendo e se reunificou pacificamente com a Rússia. As regiões leste e sul da Ucrânia estão sublevadas contra a junta de Kiev, exigindo uma mudança constitucional que crie uma estrutura federal e garanta as relações econômicas e a língua russa. E agora, com o receituário “grego” sendo enfiado goela abaixo da população ucraniana, em breve a indignação deverá se estender à região central do país, hoje entorpecida, e até mesmo ao oeste, que atualmente os fascistas consideram seu reduto.

                                      A
NTONIO PIMENTA

BRICs repelem tentativa de exclusão da Rússia do G-20


 Tentativa da Austrália, que irá sediar a próxima reunião do G-20 em novembro, de pretender excluir a Rússia, copiando o piti de Obama/G-7, foi prontamente repelido pelos Brics, com a chanceler da África do Sul, Maite Nkoana-Mashabane, deixando claro que “o G-20 pertence a todos os Estados-membros de forma igual, e nenhum Estado-membro pode unilateralmente determinar sua natureza e característica”. Ela acrescentou que “a escalada de linguagem hostil, sanções e contrassanções e força não contribui com uma solução sustentável e pacífica, de acordo com a lei internacional”.
A reunião de preparação do G-20 ocorreu paralelamente à Cúpula de Segurança Nuclear em Haia, com a presença dos chanceleres da Rússia, China, Índia e África do Sul, e o Brasil representado pelo subsecretário de assuntos políticos do Itamaraty, embaixador Carlos Paranhos. O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, não pôde participar por estar em viagem oficial na Venezuela. O Brasil tem defendido o diálogo para solução da crise na Ucrânia, preferencialmente através da ONU, e rejeita a lógica das “tensões e contratensões” que remete à Guerra Fria.
A atuação da Austrália não chega propriamente a surpreender, por ser conhecida pela subserviência a Washington, com um longo histórico de conivência com operações tramadas por Washington, como certo tipo de “inspetores da ONU no Iraque”. Também integra a rede global ianque de espionagem, a “Five Eyes”.
G-8
Já quanto ao G-8, que não irá mais se reunir, a Rússia deixou claro que não vai perder o sono com isso, e que há muitos fóruns internacionais com mais serventia atualmente, como o G-20, o Conselho de Segurança da ONU, o grupo P5+1 sobre o programa nuclear do Irã e outros instrumentos das relações internacionais. A Rússia também tem advertido que o mundo não é mais “unipolar” e que as sanções vão ricochetear e voltar no lombo de quem mandou dar. Estranhamente, já que perderam posição, Washington & satélites andam se referindo ao G-7 como “as sete maiores economias do mundo”, provavelmente olhando o planeta pelo espelho retrovisor.