A “receita” do FMI para o país incluirá, ainda, cortes
de salários e pensões – já bastante baixos -, redução da assistência à
população, mais impostos e privatizações. Para isso Obama financiou o golpe
Antes mesmo de formalmente fechar um
acordo com o FMI de achaque do país, já em discussão entre os homens de preto de
Madame Lagarde e o banqueiro-primeiro-fantoche “Yats”, a junta de Kiev anunciou
que irá aumentar em 50% o preço do gás à população a partir de 1º de maio, e os
aumentos deverão prosseguir pelo menos até 2018. Assim, concretiza-se a previsão
do “presidente” Turchynov, logo após ser “empossado” pelos nazistas da praça
Maidan e pela embaixada dos EUA, de que “este é um governo kamikaze” encarregado
de aplicar “reformas” impopulares.
De acordo com o diretor da companhia
nacional de Gás Naftogaz, Yuri Kolbuchin, o aumento para a indústria será de 40%
e entrará em vigor em 1º de junho. A diretora-gerente do FMI, madame Lagarde,
havia afirmado no domingo 20 que o acordo - em que o FMI entra com a corda e a
Ucrânia com o pescoço - seria concluído “nos próximos dias”. Ela asseverou,
ainda, que o plano é necessário para “estabilizar” a economia da Ucrânia.
No final de novembro do ano passado, o
presidente Yanukovich considerou como principal razão para recuar da assinatura
do Acordo de Associação com a União Europeia “as condições draconianas do FMI” a
que o acerto estava subordinado. Em artigo de opinião no “New York Times”, Ian
Bremmermarch, professor da New York University, registrou que a Rússia
“propiciou US$ 200- US$ 300 bilhões de subsídio à Ucrânia desde 1991” via
descontos no preço do gás fornecido.
Confirmam-se, portanto, as denúncias de
que, além de preparar o escancaramento do país à Otan, o golpe da CIA pretende
impor uma “saída grega” à crise a que os oligarcas ladrões levaram o país. Yats
garantiu que a “ajuda da União Européia” seria recebida “dentro de dois meses”
da assinatura com o FMI. Segundo ele, e contrariamente a toda a experiência de
gregos, portugueses, irlandeses, espanhóis, italianos e cipriotas, a bondosa
União Européia, mais conhecida como “Troika”, ainda iria fornecer gás “US$ 100
mais barato” que a Rússia.
O programa do FMI para a Ucrânia deverá
incluir, ainda, o corte de salários e pensões – já extremamente baixos -,
redução dos gastos públicos e da assistência à população, aumento de impostos e
privatizações. Com bilhões em empréstimos vencendo nas próximas semanas, e tendo
rasgado o acordo de Yanukovich com a Rússia que garantia sobrevida financeira à
Ucrânia e desconto de 30% no preço do gás, a junta de Kiev age em desespero, e
expondo abertamente o que representa, para salvar o golpe.
A “associação” com a União Europeia
assinada esta semana pelos golpistas, que mal dão ordens nas ruas do centro de
Kiev e que ninguém elegeu, não significa a entrada na UE. Mas, tão somente, a
subordinação da Ucrânia aos “padrões europeus” e conseqüente dumping com
manufaturados e produtos agrícolas europeus, sem que o “mercado europeu” se abra
ou haja direito pleno à emigração.
DEVASTAÇÃO
Em suma, sob a fraqueza econômica e
financeira da Ucrânia, o que a “associação” estabelece é a devastação da
agricultura ucraniana e da indústria, esta principalmente nas regiões leste e
sul, estreitamente ligadas à Rússia e sua economia, pelos cartéis europeus e dos
EUA. A “associação” também é do tipo “está conosco ou contra nós”, forçando a
exclusão dos laços econômicos – aliás seculares – com a Rússia, que, junto com
Bielorússia, Kazaquistão e outros países ex-soviéticos, está organizando a
comunidade econômica euroasiática, e cuja participação fora oferecida também à
Ucrânia.
Sob a ameaça dos herdeiros de Bandera e
da Otan, a Crimeia votou em referendo e se reunificou pacificamente com a
Rússia. As regiões leste e sul da Ucrânia estão sublevadas contra a junta de
Kiev, exigindo uma mudança constitucional que crie uma estrutura federal e
garanta as relações econômicas e a língua russa. E agora, com o receituário
“grego” sendo enfiado goela abaixo da população ucraniana, em breve a indignação
deverá se estender à região central do país, hoje entorpecida, e até mesmo ao
oeste, que atualmente os fascistas consideram seu reduto.
ANTONIO PIMENTA
ANTONIO PIMENTA
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