Além
de grande manifestação e show na cidade onde o movimento nasceu, os
organizadores lançam o “Ocupação 2.0” com atos públicos de costa a costa
nos Estados Unidos no sábado 17
“Nós somos os 99%”: com esta convocação, o movimento
Ocupem Wall Street completa neste sábado três meses de existência e se
mantém em dezenas de cidades nos EUA, de costa a costa, apesar de toda a
truculência policial desencadeada contra ele. A data será comemorada em
Nova Iorque com um show e a manifestação “Ocupação 2.0”; eventos
semelhantes se seguirão por toda parte.
“Expulsem-nos, nós nos multiplicamos” e “Não se pode
expulsar uma idéia cuja hora chegou”. As frases, de uma análise sobre a
situação do movimento, divulgada pelo site www.occupywall-st.org,
traduzem com bastante precisão o que ocorreu no último mês, quando foi
desencadeada uma onda de repressão aos acampamentos que se tinham
espalhado no país inteiro.
Até o “New York Times” se viu forçado, em comentário
de um ensaio fotográfico, a reconhecer que a expressão ‘99%” alcançou
uma dimensão muito maior que o próprio Ocupem. É que o movimento
sintetizou os sentimentos de muitos milhões de norte-americanos sobre
quem causou a crise de 2008 e quem saiu lucrando com ela.
Wall Street, os 1%, versus o povo inteiro, os milhões
que foram desempregados, os milhões que tiveram suas casas tomadas pelos
bancos, isto é, os 99%. O que, no país que encabeça o imperialismo no
mundo, e sob o doentio individualismo em que as pessoas são imersas, não
é pouca coisa.
No primeiro mês, o Ocupem sobreviveu à sanha do
prefeito bilionário Bloomberg que, só numa investida, prendeu 700 na
Ponte do Brooklyn; ganhou a simpatia do povo e conquistou apoio dos
sindicatos e organizações populares; e, afinal, se estendeu ao país
inteiro.
O império contra-atacou, pensando em cantar vitória,
com a expulsão da Praça Liberdade (Zucotti Park) em Nova Iorque. A
reação se estendeu a outras cidades. Mas o que não mata, como diz a
sabedoria popular, engorda. Ainda que já com quase 5 mil prisões, e
incontáveis espancamentos.
Dois dias antes de ocupar os portos da costa oeste –
o que foi feito, como anunciado, na segunda-feira dia 12 -, o movimento
advertia aos “arautos dos 1% que clamam que o Ocupem acabou: ainda
estamos aqui”. Na semana anterior, fora a vez de a repressão se abater
sobre o acampamento na praça Justin Herman, em San Francisco,
Califórnia, com 55 pessoas presas. Só na Califórnia, foram três os
portos ocupados: San Diego, Long Beach/Los Angeles e Oakland. Mais
Portland (Oregon), Longview/Seattle (estado de Washington) e Anchorage
(Alasca). Mesmo sob feroz ataque policial.
“O que nós pusemos em movimento não pode ser parado
com gás lacrimogêneo, bulldozers, balas de borracha ou grades de metal”,
afirmou o movimento. “As ocupações país afora encontram modos criativos
de persistir, resistir e reconstruir. Não desistimos dos nossos espaços
públicos. Até nossa última checagem, as barracas ainda se erguiam em
Washington, Chicago, Oklahoma City, Miami, Cleveland, Baltimore, Buffalo,
Nashville, Rochester, Orlando, Tacoma, Reno, Charlotte, Houston, Austin,
Lousiville e muito mais”. Em Anchorage (Alasca), o pessoal “tem até
mesmo iglus”.
O Ocupem respondeu com uma “guerrilha urbana” aonde
foi expulso e não foi possível voltar a manter acampamento permanente.
Em Atlanta, Oakland, Fort Worth, Jackson e Phoenix, ficam no parque
durante o dia e, à noite, tomam a calçada. Em Los Angeles, San Diego,
Portland, Tulsa, San Jose, Dayton, Tucson, Cincinnati, Kansas City,
Sacramento, Hartford, Charlot-tesville, Denver, Dallas, Norfolk,
Richmond, Philadelphia, New Orleans e Nova Iorque continuam a manter
assembleias gerais e um extenso calendário, com reuniões diárias,
eventos, ações diretas, marchas e manifestações diante da prefeitura,
dos bancos e dos tribunais.
Na capital dos EUA, Washington, milhares ocuparam a
rua que é sede dos principais escritórios de lobistas do país, a K
Street, e ainda marcharam até a Casa Branca, o Congresso e a Suprema
Corte.
O Ocupem também promoveu um dia nacional em apoio aos
que perderam suas casas, com ações em Nova Iorque, Los Angeles, Atlanta,
Cleveland, Oakland, Rochester, Chicago, Philadelphia, San Francisco, San
Jose e Reno. A mobilização incluiu a entrega de casas apossadas pelos
bancos a famílias sem-teto e ainda manifestações, nos tribunais, contra
o despejo de famílias pelos especuladores e contra os leilões de casas.
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