terça-feira, 20 de dezembro de 2011

‘Ocupem Wall Street’ completa três meses e comemora em Nova Iorque


Além de grande manifestação e show na cidade onde o movimento nasceu, os organizadores lançam o “Ocupação 2.0” com atos públicos de costa a costa nos Estados Unidos no sábado 17


“Nós somos os 99%”: com esta convocação, o movimento Ocupem Wall Street completa neste sábado três meses de existência e se mantém em dezenas de cidades nos EUA, de costa a costa, apesar de toda a truculência policial desencadeada contra ele. A data será comemorada em Nova Iorque com um show e a manifestação “Ocupação 2.0”; eventos semelhantes se seguirão por toda parte.

“Expulsem-nos, nós nos multiplicamos” e “Não se pode expulsar uma idéia cuja hora chegou”. As frases, de uma análise sobre a situação do movimento, divulgada pelo site www.occupywall-st.org, traduzem com bastante precisão o que ocorreu no último mês, quando foi desencadeada uma onda de repressão aos acampamentos que se tinham espalhado no país inteiro.
Até o “New York Times” se viu forçado, em comentário de um ensaio fotográfico, a reconhecer que a expressão ‘99%” alcançou uma dimensão muito maior que o próprio Ocupem. É que o movimento sintetizou os sentimentos de muitos milhões de norte-americanos sobre quem causou a crise de 2008 e quem saiu lucrando com ela.
Wall Street, os 1%, versus o povo inteiro, os milhões que foram desempregados, os milhões que tiveram suas casas tomadas pelos bancos, isto é, os 99%. O que, no país que encabeça o imperialismo no mundo, e sob o doentio individualismo em que as pessoas são imersas, não é pouca coisa.
No primeiro mês, o Ocupem sobreviveu à sanha do prefeito bilionário Bloomberg que, só numa investida, prendeu 700 na Ponte do Brooklyn; ganhou a simpatia do povo e conquistou apoio dos sindicatos e organizações populares; e, afinal, se estendeu ao país inteiro.
O império contra-atacou, pensando em cantar vitória, com a expulsão da Praça Liberdade (Zucotti Park) em Nova Iorque. A reação se estendeu a outras cidades. Mas o que não mata, como diz a sabedoria popular, engorda. Ainda que já com quase 5 mil prisões, e incontáveis espancamentos.
Dois dias antes de ocupar os portos da costa oeste – o que foi feito, como anunciado, na segunda-feira dia 12 -, o movimento advertia aos “arautos dos 1% que clamam que o Ocupem acabou: ainda estamos aqui”. Na semana anterior, fora a vez de a repressão se abater sobre o acampamento na praça Justin Herman, em San Francisco, Califórnia, com 55 pessoas presas. Só na Califórnia, foram três os portos ocupados: San Diego, Long Beach/Los Angeles e Oakland. Mais Portland (Oregon), Longview/Seattle (estado de Washington) e Anchorage (Alasca). Mesmo sob feroz ataque policial.
“O que nós pusemos em movimento não pode ser parado com gás lacrimogêneo, bulldozers, balas de borracha ou grades de metal”, afirmou o movimento. “As ocupações país afora encontram modos criativos de persistir, resistir e reconstruir. Não desistimos dos nossos espaços públicos. Até nossa última checagem, as barracas ainda se erguiam em Washington, Chicago, Oklahoma City, Miami, Cleveland, Baltimore, Buffalo, Nashville, Rochester, Orlando, Tacoma, Reno, Charlotte, Houston, Austin, Lousiville e muito mais”. Em Anchorage (Alasca), o pessoal “tem até mesmo iglus”.
O Ocupem respondeu com uma “guerrilha urbana” aonde foi expulso e não foi possível voltar a manter acampamento permanente. Em Atlanta, Oakland, Fort Worth, Jackson e Phoenix, ficam no parque durante o dia e, à noite, tomam a calçada. Em Los Angeles, San Diego, Portland, Tulsa, San Jose, Dayton, Tucson, Cincinnati, Kansas City, Sacramento, Hartford, Charlot-tesville, Denver, Dallas, Norfolk, Richmond, Philadelphia, New Orleans e Nova Iorque continuam a manter assembleias gerais e um extenso calendário, com reuniões diárias, eventos, ações diretas, marchas e manifestações diante da prefeitura, dos bancos e dos tribunais.
Na capital dos EUA, Washington, milhares ocuparam a rua que é sede dos principais escritórios de lobistas do país, a K Street, e ainda marcharam até a Casa Branca, o Congresso e a Suprema Corte.
O Ocupem também promoveu um dia nacional em apoio aos que perderam suas casas, com ações em Nova Iorque, Los Angeles, Atlanta, Cleveland, Oakland, Rochester, Chicago, Philadelphia, San Francisco, San Jose e Reno. A mobilização incluiu a entrega de casas apossadas pelos bancos a famílias sem-teto e ainda manifestações, nos tribunais, contra o despejo de famílias pelos especuladores e contra os leilões de casas.


               ANTONIO PIMENTA
http://www.horadopovo.com.br/ 

Nenhum comentário:

Postar um comentário