segunda-feira, 10 de março de 2014

Putsch na Ucrânia ‘tomará medidas impopulares’, diz fantoche dos EUA


Putsch na Ucrânia ‘tomará medidas impopulares’, diz fantoche dos EUA

Turchinov confessou que seu governo vai ficar “torrado” em poucos meses. Animado por ter de aplicar “ajuste” do FMI, Yatsenyuk reconheceu que “este é o governo dos suicidas políticos”

O putsch na Ucrânia irá “tomar decisões impopulares”, anunciou o fantoche-em-exercício, Alexandr Turchinov, que acrescentou que é possível que “em poucos meses” o novo governo “fique tostado”. Assim, Turchinov confirmou o objetivo número 2 dos golpistas - submeter imediatamente o país ao FMI. Como aconselhara o senador John McCain e foi agora repetido pelo embaixador dos EUA em Kiev, Geoffrey Pyatt, é urgente “estabelecer uma cooperação estreita com o FMI”. Antes do golpe, já era aventado o “plano de governo” preferido do FM: aumento do preço do gás em 40%, cortes nos salários e pensões, cortes nos gastos sociais e privatizações.

O que explica a observação de Turchinov de que o novo governo “vai ser criticado, tratado como lixo, espancado, mas deverá cumprir suas obrigações”. Ele assinalou, contudo, que irá tirar o pescoço do laço o mais rápido que possa: “uma vez que nós consigamos normalizar a situação do país dentro de um mês, restaurar o poder, eu renunciarei como um homem que cumpriu seu dever”.

Por sua vez o escolhido prévio dos EUA – como expôs a subsecretária de Estado Victoria Nuland no telefonema que vazou -, Arseniy Yatsenyuk, aliás, “Yats” para os amos, novo “primeiro-ministro provisório”, ressaltou em entrevista à BBC a ameaça que paira contra o país. “Teremos de aplicar medidas extremamente impopulares” - o que ocorrerá, claro, não porque sejam capachos pró-EUA, mas porque “o governo prévio e o presidente prévio eram tão corruptos que o país está numa situação financeira desesperadora”.
Naturalmente, a CIA se preocupa muito com a corrupção, e costuma dar golpes só para livrar os povos desses corruptos... “Yats” admitiu que os golpistas “estão à beira do desastre e este é o governo de suicidas políticos”. Enquanto isso, dos US$ 35 bilhões que os golpistas pediram de socorro financeiro, o governo dos EUA se prontificou em conceder “até US$ 1 bilhão” em garantias – bem menos que os US$ 5 bilhões que Nuland confessou em público que Washington já gastou para “levar a democracia” à Ucrânia.
Assim, a “revolução popular” dos laranjas e nazistas ucranianos, organizada e financiada pela CIA, e apoiada por Berlim, irá, como primeira medida, achacar o povo. Para compor o novo regime, foram escolhidos destacados laranjas que sobreviveram aos fiascos de Bushenko e de Yulia Timoshenko, e foi oferecido ao capo do grupo nazista “Pravy Sektor”, Dmitry Yarosh, o cargo de vice-chefe do Conselho de Defesa e Segurança Nacional. Aliás, segundo a revista alemã “Der Spiegel”, Yarosh foi muito mais aplaudido na praça que a própria Timoshenko.
O “Pravy Sektor” resolveu também assumir a incumbência de fraudar as eleições anunciadas para 25 de maio, para o que está exigindo a substituição dos juizes eleitorais e mudança da lei eleitoral. Bate-paus foram enviados à sede da justiça eleitoral e lá ficarão para “rapidamente informar a Maidan” sobre qualquer atividade “suspeita”. Nas eleições, além de Timoshenko deverá concorrer o preferido de Berlim, o boxeador Vitali Klitschko; o nazista Oleh Tyahnyboc, do “Svoboda”, conhecido por odiar “moscovitas e judeus”, está aguardando sua chance.
O “primeiro-ministro interino” “Yats” anunciou que o regime golpista desistiu de tentar prender o presidente Yanukovich na Crimeia, onde estão estacionadas tropas russas. Em Simferopol, diante do parlamento, manifestantes antifascistas e tártaros pró-golpe entraram em confronto. Em Sebastopol, tomou posse o novo prefeito, Aleksei Chaliy, eleito pela população para defender a região do assédio fascista, e aclamado por milhares de pessoas, aos gritos de “Rússia, Rússia, Rússia”.
Por sua vez o chanceler russo Sergei Lavrov advertiu aos EUA e a Berlim para não tentar moldar o futuro da Ucrânia. “É perigoso e contraprodutivo tentar forçar a Ucrânia a uma escolha sob o princípio de ‘você está conosco ou contra nós’”. Enquanto isso, o presidente Vladimir Putin, que permanece mudo sobre a questão, ordenou manobras militares - “de surpresa”, no comentário do “New York Times”- na fronteira oeste. Na análise da “Der Spiegel”, se os nazistas ucranianos estiverem prestes a tomar o poder dos laranjas, Putin teria de “tomar a decisão mais difícil de sua vida”. “Ninguém na Rússia perdoaria Putin se ele permitisse que esta cidade [Sebastopol], a frota e as famílias do pessoal da Marinha estacionados caíssem nas mãos” dos fascistas ucranianos.



                                      A
NTONIO PIMENTA

http://www.horadopovo.com.br/

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