quinta-feira, 8 de março de 2012

Governo dos EUA barra visita de relator da ONU sobre tortura a Guantánamo

O governo dos Estados Unidos impediu a entrada, nesta semana, do relator especial da ONU sobre Tortura, Tratos Degradantes e Cruéis, o argentino Juan Méndez, na base militar de Guantánamo.

“Faz um ano, o departamento de Defesa me convidou a visitar Guantánamo, porém me advertiram que somente poderia visitar umas áreas da prisão e outras não, e que não poderia falar com os réus que quisesse. Ante estas circunstâncias, não pude aceitar porque não cumpriria com os termos do meu mandato”, assinalou Méndez durante coletiva de imprensa.

Na carta enviada ao relator da ONU, o governo estadunidense não explica as razões dos condicionamentos impostos ao trabalho de inspeção, “somente que o tratamento que me dispensaram seria o mesmo que a qualquer outra pessoa que visite o centro, à exceção dos advogados dos réus”. Méndez destacou que a política de manter incomunicáveis os presos leva em muitos casos a tratamentos inteiramente “degradantes e cruéis”.

O relator explicou que além de solicitar ao governo dos Estados Unidos acesso à base de Guantánamo, também pediu a outros centros de detenção do país, para que a Organização das Nações Unidas possa verificar as condições de vida dos prisioneiros, em especial daqueles que estão submetidos à condição de reclusão e isolamento, “que é parte da prática” estadunidense.

Desde o ano passado Juan Méndez tenta – em vão - visitar o soldado Bradley Manning, acusado de entregar ao Wikileaks centenas de milhares de documentos secretos do governo, e que foi mantido incomunicável.

“Me convidaram a visitá-lo, porém novamente me impuseram condições inaceitáveis. Enquanto isso, o soldado foi transportado para outro local e sei que já não está mais submetido a isolamento, pois estou em contato com o seu advogado”, disse Méndez, condenando o descaso estadunidense com a Justiça e com a própria ONU.

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