quinta-feira, 8 de março de 2012

Veteranos usados como “cobaias” pelo exército dos EUA exigem apoio na Justiça para tratamento

Milhares de veteranos do exército estadunidense denunciaram que foram utilizados como “cobaias químicas” na base militar de Edgewood, para serem logo depois abandonados à própria sorte, enfermos, sem qualquer apoio governamental. Além de assistência médica para todos, eles buscam na Justiça que o Departamento de Assuntos de Veteranos e o Departamento de Defesa informem os nomes de todos os que passaram pela base e o tipo de drogas que foram utilizadas, bem como sobre seus efeitos no organismo.

Hoje com 63 anos, Tim Josephs é um dos sete mil “voluntários” que passaram por Edgewood, “uma base militar que mais parecia um hospital” em 1968, quando tinha apenas 18 anos de idade. Passadas quatro décadas, Josephs continua sentindo os efeitos daninhos da “experiência” de dois longos meses. Um pouco antes de dar baixa de Edgewood, em fevereiro de 68, Josephs foi hospitalizado durante vários dias com tremores similares aos de Parkinson, sintomas que, disse, continuaram de maneira intermitente durante toda a sua vida adulta.

“Nunca houve menção a drogas ou produtos químicos”, conta o veterano, lembrando que quando tentou sair da armadilha, já era tarde. “Me disseram: ‘Te ofereceste voluntariamente para isso e vais fazer. Caso contrário, vais a prisão. Irás para o Vietnã de qualquer jeito”.

De 1955 a 1975, os pesquisadores militares em Edgewood utilizaram seres humanos para provar um coquetel de medicamentos e produtos químicos que ia de gases nervosos potencialmente letais, como o VX e o sarím, até agentes incapacitantes como o BZ.

Os militares também fizeram experimentos com gás lacrimogêneo, barbitúricos, tranquilizantes, narcóticos e alucinógenos como o LSD.

“Às vezes era uma injeção, outras uma pílula. Eles se referiam a uma grande quantidade de substâncias químicas como agente um ou agente dois”, relatou Tim Josephs, em entrevista à CNN.

Advogado dos veteranos, Gordon Erspamer, disse que Josephs provavelmente teve injetado em seu corpo sarím e outro gás nervoso, porque os registros mostram que recebeu a droga P2S no dia 1º de fevereiro de 1968, para tratar o “envenenamento por organofosfatos” (substâncias tóxicas presentes nos inseticidas).

Durante experiências iniciadas em 19 de fevereiro daquele ano, Josephs manifestou tremores similares aos de Parkinson após receber Prolixin, um medicamento antipsicótico, disse o advogado. Para tratar desses tremores, o pessoal médico de Edgewood lhe “administrou” Congentin e Artane, dois fármacos usados para o tratamento dos sintomas de Parkinson.

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